Os refugiados cristãos

A Crise de Refugiados é um Evento do Fim dos Tempos?



Sejam bem-vindos a uma nova semana do podcast Ask Pastor John com o John Piper. A ouvinte Brittany nos pergunta: “Caro Pastor John, eu atualmente vivo na Hungria e estou experimentando em primeira mão a atual crise de refugiados. Há muitos debates e conversas entre os cristãos aqui sobre como nós devemos ver os refugiados e sobre como devemos ver essa situação à luz do fim dos tempos. Todo mundo parece pensar que essa crise é o fim da liberdade cristã na Europa porque o grande fluxo de muçulmanos é um sinal do fim dos tempos. Pastor John, você vê essa situação como o início da perseguição aos cristãos na Europa? As pessoas acham que porque haverá muitos muçulmanos a Europa se tornará um continente muçulmano. Qual é a sua opinião acerca disso?

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No momento eu estou lendo o livro do Philip Jenkins A Próxima Cristandade. É sobre mudanças massivas, especialmente nos últimos 100 anos, à medida em que a preponderância dos cristãos tem se movido de antigas igrejas estabelecidas no Ocidente, incluindo na Europa e nos Estados Unidos, para o Sul global da Ásia, África e América Latina. E parte dessa mudança se dá devido à crescente secularização da Europa e América. Parte disso se deve à deslumbrante vitalidade e crescimento do Cristianismo no Sul Global. Parte disso também se dá devido à diminuição drástica das taxas de natalidade em estados seculares modernos em comparação com o grande crescimento populacional no Sul Global. E mais relevante aqui, parte disso se dá devido à imigração, à medida em que milhões de pessoas se movem do Norte para Sul ou do Sul Global para a Europa e América para formar problemas ou bênçãos. E ambos são provavelmente verdadeiros. E parte disso se dá devido à crises como a da Síria hoje e a presente situação na Europa com o grande fluxo de imigrantes.

Isso tem acontecido por um longo tempo. Esse movimento do que antes eram o segundo e o terceiro mundos, ou o mundo muçulmano, ou o mundo pagão, ou recentemente o Sul Global Cristão, nas antigas e grandes terras cristãs.

55% da população de Londres é britânica não-branca. Essa estatística é apenas um tipo de mundo emergente, eu acho. As maiores igrejas em Londres são ajuntamentos de adoradores africanos ou caribenhos. Esses imigrantes que estão inundando a América e a Europa trazem com eles as suas próprias religiões e tradições e eles inevitavelmente irão moldar as culturas para onde se mudarem. Se eles forem cristãos, eles trarão consigo a vitalidade e o poder do Cristianismo para um Ocidente decadente. Mas eles podem ser vistos como uma ameaça se trouxerem outra religião como o Islã para o coração da França ou Alemanha ou Hungria.

E ainda, por outro lado, eles podem ser a salvação econômica dessas mesmas terras porque as taxas de natalidade decaíram tão precipitadamente que essas terras não podem, nas gerações vindouras, sustentar o fardo econômico com o qual as populações idosas precisarão de ajuda e essas terras são as mais socialistas no mundo, com exceção dos países comunistas que ainda restaram. E isso cria uma expectativa de provisão governamental e alta taxação, e não haverá ninguém para cobrar se eles não tiverem mais trabalhadores. Assim, há lados positivos com esse grande fluxo, bem como há lados negativos como podem ser vistos.

Então a Britanny afirma – e essa é realmente o questionamento dela – que ela está conversando com as pessoas e eles estão afirmando, número um: “Que esse pode ser o fim da liberdade cristã na Europa se os Muçulmanos conquistarem e presumidamente estabelecerem a lei da Sharia. E número dois: “Isso é um sinal do fim dos tempos, do final da história?” E ela pondera sobre a minha opinião.

A minha opinião é – e é uma convicção muito forte – que o atual movimento de pessoas ao redor do mundo pode resultar na desestabilização do Cristianismo de seu lugar de proeminência em certos países ocidentais. E pode resultar em uma predominância sem tamanho do Islã ou até mesmo da lei da Sharia.

Ao mesmo tempo, esse grande fluxo pode não resultar na diminuição do Cristianismo ou no estabelecimento do Islã, mas, de fato, pode resultar em uma divulgação massiva da mensagem cristã entre mais e mais povos, e assim, ao final do século 21, a Europa será o continente mais autenticamente cristão que já existiu. Ambas as coisas podem acontecer. Então, não, eu não tenho nenhum senso de autoridade para pronunciar que esse é o fim do Cristianismo na Europa ou o início de um estado Islâmico. Quem sabe? Deus sabe e nós devemos orar fervorosamente pela expansão do evangelho cristão com poder sobre todos os povos que estão vindo e sobre todos os que o já esqueceram e vivem lá – que quer dizer basicamente que eu acredito na soberania de Deus.

Jesus disse: “Toda a autoridade nos céus e na terra – na Hungria, França, Alemanha e Síria – é minha. Portanto, vão e façam discípulos” (Mateus 28.18-20). Não há nenhuma circunstância histórica que exista hoje que possa possivelmente impedir um grande avivamento cristão na Europa e uma grande expansão da preponderância cristã se Deus em Sua soberania desejar que assim seja. E é por isso que devemos orar.

E, portanto, a minha opinião, com relação a como a situação presente se relaciona com o fim dos tempos, é que nós podemos está às margens de uma erupção final de perseguição que levará ao cumprimento da Grande Comissão pelo sangue dos mártires, o ajuntamento dos eleitos de Deus, a grande conversão do povo judeu e a revelação do nosso Senhor Jesus nas nuvens a fim de estabelecer o Seu reino na terra. Isso é completamente possível nos próximos anos porque, novamente, Deus é soberano. Não cabe a nós saber os tempos ou as estações. Cabe a nós testemunharmos até os confins da terra, não importa o custo.

Aqui está o que eu penso que nós podemos dizer com certeza com relação ao fim dos tempos, em outras palavras, que nós estamos neles e temos estado desde a vinda de Cristo. Isso é o que o Novo Testamento afirma. E essa é a forma da perseguição à igreja em todas as eras:

1 Pedro 4:7. “O fim de todas as coisas está próximo. Portanto, sejam criteriosos e sóbrios; dediquem-se à oração.” Isso foi no final do primeiro século.

1 Pedro 4: 12-18. Amados, não se surpreendam com o fogo que surge entre vocês para os provar, como se algo estranho lhes estivesse acontecendo. Mas alegrem-se à medida que participam dos sofrimentos de Cristo, para que também, quando a sua glória for revelada, vocês exultem com grande alegria. Se vocês são insultados por causa do nome de Cristo, felizes são vocês, pois o Espírito da glória, o Espírito de Deus, repousa sobre vocês. Se algum de vocês sofre, que não seja como assassino, ladrão, criminoso ou como quem se intromete em negócios alheios. Contudo, se sofre como cristão, não se envergonhe, mas glorifique a Deus por meio desse nome. Pois chegou a hora de começar o julgamento pela casa de Deus; e, se começa primeiro conosco, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus? E, "se ao justo é difícil ser salvo, que será do ímpio e pecador?"

Então, eu acho que a Brittany e os crentes na Hungria e em outros países europeus deveriam se aproveitar de cada meio possível para espalhar o evangelho e demonstrar a justiça e a misericórdia de Jesus em como eles se relacionam com a sua cultura pós-cristã em uma mão e o crescente número de vizinhos muçulmanos na outra. Eu acho que eles deveriam orar fervorosamente para que Deus torne essa onda de imigração em uma forma de avançar o evangelho de modo que ninguém jamais poderia imaginar ser possível. Esse é o tipo de Evangelho que nós temos.

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